A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a Operação Vigilância Aproximada, revelando um escândalo que abala a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem, do PL-RJ, figura entre os alvos da investigação, que apura uma suposta organização criminosa instalada na agência para monitorar ilegalmente autoridades, jornalistas e políticos.
O monitoramento, realizado sem autorização judicial, teria sido executado por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis. O caso envolve ainda a suspeita de utilização irregular do sistema, denunciada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por operadoras de telefonia.
Ramagem, que foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e deixou o cargo em março de 2022, é alvo de 21 mandados de busca e apreensão. A operação também inclui medidas cautelares, como a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, declarou via redes sociais que enxerga a operação como uma perseguição política motivada pela ligação de Ramagem com Bolsonaro. "Isso é pura perseguição e pode acabar elegendo o Ramagem com mais facilidade no Rio de Janeiro", disse Costa Neto.
A Anatel confirmou que existem três processos em andamento relacionados à utilização irregular do sistema de geolocalização, mas os documentos estão com restrições de acesso de acordo com hipóteses previstas na legislação.
A Operação Vigilância Aproximada é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, iniciada em outubro do ano passado. As provas obtidas indicam que o grupo investigado criou uma estrutura paralela na Abin para produzir informações para uso político e midiático, interferindo até mesmo em investigações da Polícia Federal.
Em outubro de 2023, a Abin informou que sua Corregedoria-Geral concluiu um processo de correição extraordinária sobre o sistema de geolocalização e instaurou uma sindicância investigativa interna para apurar seu uso irregular. O Ministério Público Federal e a PF também abriram procedimentos para investigar o caso.
O desdobramento dessa operação promete revelar mais detalhes sobre o escândalo na Abin, colocando em xeque a integridade da agência e levantando questionamentos sobre o uso indevido de ferramentas de inteligência para fins políticos.
Fonte: Agência Brasil
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